Comissões fantasma e ajudas à tesouraria do FC Porto. O rasto de Teo, dono do Portimonense
De comissões fantasma repartidas por vários países até ajudas à tesouraria do FC Porto. Documentos do Football Leaks revelam o rasto da fortuna do dono do Portimonense e antigo empresário de Hulk.
Teodoro Panagopoulos, mais conhecido no mundo do futebol como Teo Fonseca, é o antigo agente de Hulk, ex-futebolista do FC Porto, e atual dono da SAD do Portimonense. Foi precisamente com o internacional brasileiro que Teo Fonseca começou a construir a sua fortuna e o seu sucesso.
Quando em 2012, Hulk trocou o FC Porto pelo Zenit, mediante o pagamento de 40 milhões de euros, Teo recebeu uma choruda comissão de €13 milhões. Mas, como mostram documentos a que o Expresso teve acesso a partir do acervo Football Leaks, nem tudo foi para o empresário canarinho.
Uma fatia significativa do que o Zenit entregou a Teo foi distribuído por várias empresas da Irlanda, Suíça, Panamá e Xangai.
A For Gool, empresa através da qual Teo controla a SAD do Portimonense, foi responsável por mediar a transferência de Hulk para o Zenit. A empresa sediada em Londres comprometeu-se a entregar 30% do que receberia do Zenit a uma empresa do Panamá chamada Metroconsult, quase 3,9 milhões de euros.
Na realidade, o montante foi dividido por várias entidades. A empresa irlandesa Termford Management recebeu €1,07 milhões; a Metroconsult e a a chinesa Dongfang International Trade receberam €1 milhão cada; a empresa suíça Grandex recebeu €600 mil; e a chinesa Harbour Links recebeu €285 mil. As transferências foram feitas através de uma outra empresa de Teo, a Channel Entertainment Inc, sediada no Panamá e com conta bancária na Suíça.
O Expresso questionou Teodoro Panagopoulos sobre quem eram os envolvidos e que papel tiveram na transferência de Hulk, mas o empresário não respondeu.
Depois da criação do Portimonense Futebol SAD, em maio de 2013, a For Gool fez vários empréstimos ao clube. Num dos empréstimos, em agosto de 2015, Teo financiou €2,5 milhões com um juro de 6,5%.
Entre 2015 e 2017, a For Gool firmou vários acordos de investimento para permitir a contratação pelo Portimonense de vários jogadores, nomeadamente Paulinho (que saltou entre os algarvios e o FC Porto), Jadson Morais e Emmanuel Hackman.
Mas foi a transferência de Dyego Sousa que levou dúvidas à Autoridade Tributária. Estava sob investigação uma comissão de €300 mil que o Marítimo tinha acordado em 2014 com a For Gool relacionada com o internacional português.
Teo Fonseca também ajudou por diversas a tesouraria do FC Porto. Em 2012, a For Gool emprestou €4,5 milhões ao FC Porto por seis meses; em 2015 financiou €5 milhões com prazo similar; e em 2017 fez outro empréstimo de curto prazo no valor de €1,9 milhões, com um juro anual de 8,8%.
De acordo com o Expresso, este último financiamento aconteceu um mês depois de Teo assinar um contrato de intermediação com o Vitória SC. Os vitorianos pagaram 560 mil euros ao empresário para ajudar no negócio de Tiquinho Soares para o FC Porto por €5,6 milhões.
Em dezembro do ano passado, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) instaurou um processo disciplinar a Teodoro Panagopoulos, já que o seu nome não está em nenhuma das listas de intermediários registados na FPF.
